domingo, 16 de junho de 2013

Naturalismo

NATURALISMO

REALISMO-NATURALISMO
(1881-1902)

A estética a que se convencionou chamar de Realismo - Naturalismo estende-se, no Brasil, de 1881, data da publicação tanto de O Mulato (de Aluísio Azevedo) quanto de Memórias Póstumas de Brás Cubas (de machado de Assis), ambos os principais nomes do período, até 1902, com a inauguração da estética a que se convencionou chamar de Pré-Modernismo.
Esteticamente, o Realismo nasce na França, particularmente com as obras de Flaubert (Madame Bovary, 1856) e Zola (Thérèse Raquin, 1867). Trata-se de uma escola literária que tinha como fundamento ideológico uma série de teorias (filosóficas, científicas, sociológicas etc.), as quais surgem na segunda metade do século XIX, todas elas baseadas num ideário cientificista: o Positivismo, com Comte (Curso de Filosofia Positiva, 1830-1842), o Socialismo, com Proudhon (Filosofia do Progresso, 1835), o Determinismo Ambiental, com Taine (Filosofia da Arte, 1865-1869), o Determinismo Biológico, com Darwin (As Origens das Espécies, 1859), o Experimentalismo Científico, com Bernard (Introdução ao Estudo da Medicina Experimental, 1865) e o Determinismo Social, com Spencer (Princípios de Sociologia, 1877-1886). Todas essas teorias acabaram influenciando diretamente o modo de produção literária dos realistas, os quais adotaram os princípios expostos por esses pensadores (cientificismo, progresso, socialismo, experimentalismo, determinismo) e incorporaram-nos em suas obras, estabelecendo um vínculo entre Arte e Ciência.
Nesse sentido, a estética realista privilegiava - em tudo contrário à romântica - a objetividade (em oposição à subjetividade), o cientificismo (em oposição ao idealismo), a exterioridade (em oposição à interioridade), o racionalismo (em oposição ao sentimentalismo), a inteligência (em oposição à emoção), o materialismo (em oposição ao espiritualismo). Como afirmou Émile Zola, num dos principais tratados teóricos sobre o Naturalismo: “ao estudo do homem abstrato, do homem metafísico, [o Naturalismo] opõe o estudo do homem natural, submetido às leis físico-químicas e determinado pelas influências do meio”.


“O romance experimental é, em uma palavra, a literatura de nossa idade científica, com a literatura clássica e romântica correspondeu a uma idade de escolástica e de teologia” (O Romance Experimental, 1880).  O ser humano, desse modo, passa a ser um verdadeiro componente - materializado - da engrenagem da mecânica universal, ao contrário do homem romântico, excessivamente autocentrado e auto-suficiente. A arte, portanto, passa a ser engajada, contendo nítidos apelos sociais, e antiburguesa, retratando a dissolução moral da burguesia, por meio de casos patológicos. É ainda Zola quem melhor define essa peculiaridade da estética realista-naturalista, a afirmar os objetivos do romance experimental: “possuir o mecanismo dos fenômenos do homem, mostrar a engrenagem das manifestações intelectuais e sensuais, tal qual a Fisiologia no-las explicará, sob as influências da hereditariedade e das circunstâncias-ambiente, e depois mostrar o homem vivendo no meio social que ele mesmo produziu, que modifica todos os dias, e no seio do qual experimenta por sua vez uma transformação contínua” (O Romance Experimental, 1880).
Segundo o Naturalismo, o homem é desprovido do livre-arbítrio, ou seja, o homem é uma máquina guiada por vários fatores: leis físicas e químicas, hereditariedade e meio social, além de estar sempre à mercê de forças que nem sempre consegue controlar. Para os naturalistas, o homem é um brinquedo nas mãos do destino e deve ser estudado cientificamente. O homem é encarado como produto biológico passando a agir de acordo com seus instintos, chegando a ser comparado com os animais (zoomorfização).



Fonte: Apostila de Literatura Brasileira (realismo)- Prof. Maurício Silva ; Profa. Márcia M. Pereira.

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